Pessoas acima de 60 que ainda têm medo do celular: está na hora de encarar ess

smartphone on the table and hand

Ter medo do celular virou um segredo mal guardado entre muitas pessoas acima dos 60. Fingir que não é necessário, disfarçar que “prefere papel”, ou até deixar o aparelho desligado dias inteiros — tudo isso pode ser uma forma de autodefesa. Mas a verdade é incômoda: evitar a tecnologia hoje é uma forma de se isolar do mundo.

Este guia não vai romantizar o passado. Vai olhar de frente o bloqueio e mostrar como enfrentá-lo, passo a passo.

1. O medo não é burrice, é ferida

Sentir ansiedade ao lidar com um celular não tem nada a ver com inteligência. Na maioria dos casos, é resultado de uma sequência de experiências dolorosas: filhos impacientes, atendentes ríspidos, mensagens que pareciam zombar da sua dúvida. O problema é que, quanto mais tempo se evita o celular, mais o medo cresce. É como deixar uma torneira pingando: ignorar não resolve, só piora.

2. O bloqueio não some sozinho

Muita gente espera um “clique” mágico — o dia em que vai acordar sem medo. Esse dia não chega. O que funciona é o treino, mesmo que comece pequeno: abrir a câmera, tocar num ícone, digitar o próprio nome.Um simples exercício diário de 10 minutos já cria confiança.

3. A vergonha paralisa mais do que o erro

Errar faz parte. Mas o que realmente paralisa é o medo de parecer ridículo. Isso se alimenta de comentários como “isso até criança sabe fazer” ou “ah, desiste, é muito complicado pra você”. É preciso construir um escudo interno. Se alguém rir da sua tentativa, o problema é dele, não seu.

4. Depender de outros não é opção sustentável

“Meu neto faz tudo pra mim.” Essa frase parece prática, mas esconde um risco: a perda total da autonomia. Aprender o básico — mandar mensagem, abrir um link, ajustar o volume — não é luxo. É necessidade. É o que permite marcar um exame, ler um recado, acessar o banco. Sozinho.

5. Tecnologia pode ser aliada da memória

Muitos temem esquecer senhas, ícones, caminhos. Mas o próprio celular pode ajudar nisso: há blocos de notas, agendas com alarmes, aplicativos que organizam informações visuais com símbolos. Não precisa decorar tudo. Precisa saber onde encontrar.

6. Não se vence o medo tentando “acompanhar os jovens”

A chave não é virar expert em redes sociais. É dominar aquilo que você realmente usa: chamadas, mensagens, fotos, e talvez uma ou duas funções a mais. Celular não é para competir. É para se conectar com o que importa.

7. Cada pequena conquista reforça a liberdade

Conseguir mandar uma mensagem sozinho. Atender uma videochamada sem ajuda. Salvar uma foto importante. Esses pequenos passos não são “besteiras”.
São tijolos numa ponte de autonomia.

Ter medo de tecnologia não é sinal de fraqueza. Mas se recusar a encarar esse medo, sim, pode sair caro. Aos poucos, a pessoa que não toca no celular deixa de ser chamada, incluída, lembrada. O tempo de ficar à margem já passou. Agora é hora de ocupar espaço — inclusive no mundo digital.

Se tudo parecer difícil demais, escolha um só gesto para hoje. Pode ser abrir o WhatsApp e ler uma mensagem antiga. Ou apagar aplicativos que só confundem. Até pedir ajuda — mas com dignidade: “quero aprender, não que façam por mim”.

Não é preciso vencer o medo de uma vez. Basta andar com ele, até que ele se canse e vá embora. O celular não precisa ser um inimigo. Pode virar um aliado silencioso: que carrega lembranças, aproxima pessoas e devolve controle. Aos poucos, o que era um obstáculo vira ponte. E essa ponte leva de volta ao mundo.

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